A perfeição parece ser o objetivo mais comum, o corpo perfeito, a vida perfeita, o mundo perfeito. Quanto mais a tentamos atingir, mais insatisfeitos e infelizes nos tornamos, connosco próprios e com o mundo à nossa volta. E se esta “perfeição” por que tanto ansiamos não fosse nada mais do que um desejo inatingível e irrealista?

 

Será que a perfeição realmente existe? Se sim, poderia esta coexistir com a constante e fluente evolução? Se a perfeição, segundo a interpretação corrente da nossa humanidade, é o exponente máximo de harmonia e a finalidade da existência, então este seria alcançável e a evolução deixaria de existir. Num universo (multiverso) infinito, isso simplesmente não faria qualquer sentido. Provavelmente será o nosso conceito de perfeição que é incorreto e mal interpretado.

 

O conceito básico de que precisamos de melhorar-nos constantemente, sermos mais do que somos, é a principal causa de toda a insatisfação humana e sofrimento mental e emocional. Se temos de melhorar é porque obviamente não somos bons o suficiente.

 

Quando mudamos a nossa perceção da mente racional para a consciência e inteligência do Coração, é como renascermos num mundo paralelo. Uma dimensão diferente da vida em harmonia, em que o objetivo da existência não é tornarmo-nos algo mais, nem alcançar nada, mas simplesmente e apenas SER, o que e quem somos desde o princípio.

 

Neste universo, dentro do nosso multiverso, a perfeição não é um objetivo, é o que já somos, exatamente como “viemos”. Chegamos à vida como seres perfeitos e únicos, manifestações da consciência universal.

 

As plantas, as árvores, flores, e rochas etc., são todos diferentes uns dos outros e brilhem pela sua autenticidade, sem se preocuparem ou desejarem ser como os outros. Há beleza em todos e em cada um. Como o fluxo de água, todos os possíveis obstáculos são superados pela aceitação e não pela resistência da essência.

 

A verdadeira perfeição reside no imperfeito.

 

A Imperfeição por outras palavras é singularidade, originalidade e o infinito em ação. A partir de uma consciência e perceção mais elevada, ser imperfeito é ser diferente, ser real e uma possibilidade única de compreender o mundo. Para além do certo ou errado, bom ou mau, nenhuma imperfeição se repete exatamente. Todos nós somos espécimes perfeitos de imperfeição, probabilidades de manifestações infinitas e únicas por natureza.

 

Assim, a Evolução ganha uma nova e mais poderosa perspetiva. Não se trata de transformação ou transcendência física ou de perceção, a menos que sejamos lagartas e a transformação esteja na nossa natureza, mas sim de abraçar a nossa essência interior e aceitar a nossa forma de existência, a nossa natureza original.

 

Não precisamos de melhor, apenas olhar interiormente e encontrar a perfeição no que já existe, sempre presente pela Fonte que há em nós.

 

Eli de Lemos

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